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Lar ou Abrigo? Uma escolha para o lugar de viver.

Desde a época da faculdade, quando iniciamos nossos primeiros traços juntos, a nossa relação com a arquitetura sempre foi muito mais ampla do que a estritamente profissionalizante. Percebemos cedo que as relações entre projeto e cliente, formam uma trama mais complexa, que transcende modismos ou aprovações de outras pessoas.

Trocando em miúdos, acreditamos em uma arquitetura que tem como foco principal as relações entre o espaço e quem fará uso dele, que contemple o funcional e o belo, sempre de forma leve e simples.  Uma via de mão dupla, onde a arquitetura transforma e se deixa transformar.

Originalmente, a casa sempre teve como função primordial o abrigar. Nos primórdios, o ambiente construído sempre foi uma modificação muito superficial do ambiente natural e hostil. O abrigo era uma cavidade e o homem primitivo se moldava às possibilidades a ele apresentadas. Pois é! Isso mudou.

No mundo contemporâneo, além desta função protecionista, a casa adquiriu também uma função de identidade e, com isso, ganhou uma dimensão de acolhimento psíquico. Segundo uma pesquisadora da Universidade de São Paulo, Dra. Clotilde Perez, a casa não é apenas o local físico, para nos abrigarmos das intempéries e nos protegermos dos perigos. É também o lugar onde nossa mente procura refúgio e acolhimento.

A casa então, deve ser uma expressão de seu dono. As pessoas têm histórias para contar, suas vidas são repletas de significados e o arquiteto não pode virar as costas para isso.

É verdade que vivemos uma era digital, das culturas globalizadas e misturadas, das soluções e relações pasteurizadas e descartáveis. Nossos abrigos, menores, se mostram pouco promissores, ou grandes e espaçosos demais, sem motivo ou razão. Afastados de nossa essência, são angustiantes e impessoais. O Instagram, Pinterest ou qualquer outro meio de influência, digital ou analógico, devem ser utilizados com critério e diferenciação. Amigos devem reconhecer sua essência na arquitetura ou decoração e não ser elemento primordial para suas escolhas.   

A reprodução das vitrines, pode ser uma furada! Projetar para expor produtos em uma loja é diferente do que contribuir para a construção desse lugar de viver, que busca identificação e sentido a partir do decor. Às vezes, as pessoas compram os móveis em uma loja, onde estavam montados de um jeito impessoal, e os levam para a casa reproduzindo a mesma composição. Ou até mesmo contratam um profissional com linha de atuação muito própria, pessoal e até impositiva. Se isso acontecer, ainda assim, de alguma forma, em um breve período de tempo, você vai imprimir sua pessoalidade àquele ambiente. E isso pode tornar a ambientação agradável ou não.

Escuta essa: Você só terá um lar quando ele te transmitir um sentido na memória, todo lar é a expressão da chama da vida. E a vida é composta de significados, histórias, memórias, vivências e cuidados.

Então, se suas escolhas exprimem uma falta de contato consigo ou a necessidade de aprovação dos outros, seguindo modismos e etc. Ou se você tem vergonha do tempo, ainda que as situações ou objetos te transmitam conforto e lembranças boas. Sinto dizer, sua casa é apenas um abrigo.

Mas, se você está a fim de ter um espaço único, seu; abra o baú das boas lembranças, abrace a chance de chegar e gostar, transforme de fato a sua casa neste refúgio acolhedor, encantador e saudável.

Continuamos analisando os espaços, as tendências, a luz predominante, os ventos, materiais e técnicas, mas, ainda que isso nos valha a melhor foto, aquela que bombaria no Instagram, por aqui, seguimos acreditando que o ingrediente mais importante na arquitetura são as pessoas.

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